Cenário Army Men: 1º de Março de 1930 - Homens do “coronel”
José Pereira libertam a Família Dantas e põem as tropas da Polícia Militar do
Estado da Paraíba para fugirem da cidade de Teixeira-PB.
Como visto nas matérias
anteriores, no dia 24 de fevereiro de 1930, o presidente João Pessoa, visando
desestabilizar o poder de mando do “coronel” José Pereira, retira os
funcionários do Estado, lotados em Princesa; quase todos os parentes do
“coronel”, e exonera o prefeito José Frazão de Medeiros Lima, o vice-prefeito
Glicério Florentino Diniz e o adjunto de promotor Manoel Medeiros Lima,
indicados pelo oligarca princesense. O juiz Clímaco Xavier abandonou a cidade
por falta de garantias. O jornal “A União” de 28 de fevereiro de 1930, trazia
decretos de exoneração do subdelegado de Tavares, Belém, Alagoa Nova (Manaíra)
e São José, distritos de Princesa na época. Com o rompimento oficial do
“coronel” José Pereira em 22 de fevereiro de 1930 no município de Princesa, a
justiça deixou de funcionar, as aulas foram interrompidas e foi suspensa a
arrecadação de impostos..
Como resposta José Pereira declarou a independência
provisória de Princesa do Estado da Paraíba. Neste mesmo dia 28 era publicado o
Decreto nº 01 foi aclamado pela população, que declarou oficialmente a
independência da cidade (República de Princesa), com hino, bandeira e leis
próprias. Trocas de telegramas cada vez mais acintosos não deixaram margem a
nenhuma dúvida, pois João Pessoa escudando-se na defesa da ordem em razão do
pleito eleitoral a ser realizado em 28 de fevereiro de 1930 decidiu de forma
intransigente enviar tropas para o sertão, sendo declarada neste dia a guerra
de Princesa.
A chamada guerra de Princesa principiou por
Teixeira, no dia do pleito para Presidência e vice-presidência da República,
senado e deputação federal, a 1º de março de 30. João Pessoa mandou a polícia
estadual ocupar o município de Teixeira, sob o comando dos capitães João da
Costa e Irineu Rangel reduto dos Dantas, aliados de José Pereira, prendendo
pessoas da família e impedindo que ocorresse votação naquela cidade. Houve
reação armada dos Dantas.
O número total do contingente a disposição do
presidente João Pessoa era 890 combatentes. A primeira investida foi sobre a
vila do Teixeira, reduto da família Dantas, invadida pela tropa comandada pelo Tenente
Ascendino Feitosa que aprisionou vários membros deste clã sertanejo. A
família Dantas fora pega de surpresa. Logo estavam encarceradas pessoas de
destaque na região. A cadeia de Teixeira nunca havia recebido gente tão
importante e bem situadas na hierarquia da sociedade sertaneja agropastoril.
O Tenente Ascendino Feitosa, comandante do
pelotão militar, tinha queixas particulares contra a família Dantas. Em uma
briga, Silveira Dantas havia levado vantagem sobre Ascendino Feitosa. Irado e
desmoralizado, o militar havia jurado vingança, a qual estava para se
concretizar com a decisão do Presidente João Pessoa em fazer valer sua
autoridade como chefe do executivo paraibano. O comandante militar se dirigia
aos presos ameaçando-os initerruptamente de sangrá-los. “Hoje bebo o sangue
dos Dantas!”, bradava Ascendino Feitosa, futuramente o responsável pelas
execuções de João Dantas e Augusto Caldas na Penitenciária do Recife, em razão
do assassinato do Presidente João Pessoa. Dona Cota respondia em tom de
deboche: “Bebe, desgraçado, só assim terás sangue bom nessas suas veias
sujas!”.
O “coronel” José Pereira Lima não era homem de
se intimidar com pouca coisa, não tardou muito para que ele soubesse dos
acontecimentos com os importantes aliados na Vila do Teixeira. À disposição do
“Coronel” foi formado verdadeiro exército composto de mais de 2.800 homens,
armados e municiados principalmente com rifles winchester calibre 44. José
Pereira tinha armas em quantidade, recebidas do próprio governo estadual, em
gestões anteriores, para enfrentar o bando de Lampião e mais tarde a Coluna Prestes.
Seu exército era composto por combatentes, onde diversos desses lutadores eram
egressos do cangaço ou desertores da própria polícia paraibana. Financiados
pelos Pessoa de Queiroz e apoiados pelo governo paulista de Júlio Prestes, os
partidários do coronel José Pereira mobilizaram aproximadamente dois mil
homens, dos quais oitocentos e cinqüenta na primeira linha, em armas. A essa
última cifra subia o contingente da Polícia Militar do Estado. Com esse poderio
bélico e seu prestígio político, começou a planejar o que ficou conhecido como
“A Revolta de Princesa”. A decisão de
libertar os Dantas logo foi posta em prática. Encouraçados, vestindo gibões, com
chapéus de couro quebrados na testa, perfazendo a mais pura essência da
estética sertaneja, 500 homens foram despachados por Zé Pereira, comandados por
Lindu e Luiz do Triângulo, para a Vila do Teixeira.
O destacamento policial de Princesa retirou-se
para Piancó, enquanto, pelo outro lado, formação de polícia precipitava-se
sobre Teixeira. Ambos os lados pretextavam garantir as eleições. O choque foi
inevitável.
A Polícia Militar paraibana lutava com armas
obsoletas, com munição vencida, impossível de ser usada de forma adequada. Para
tentar contornar a situação dramática, o governo gaúcho montou esquema de
contrabando em barris de sebo, tendo em vista que a alfândega, enquanto órgão
federal, era controlada pelo perrepistas. Enquanto o grupo de José Pereira
vinha aboiando e empunhando rifles winchester calibre 44, mandaram o recado
para Ascendino Feitosa e sua tropa. Se não soltassem os Dantas imediatamente
iriam morrer no cipó-de-boi, sem escapar um só. Aflita e completamente
desnorteada, a tropa e seu comandante fugiram em direção ao Estado de
Pernambuco. A família Dantas foi solta e colocada em local seguro.
Dessa forma se consumava o primeiro episódio da guerra de
Princesa, cuja declaração efetivava-se em 28 de fevereiro de 1930, quando, a
partir daí, intensificavam-se os combates cruentos entre as tropas militares do
governo do Estado da Paraíba e o verdadeiro exército arregimentado pelo
“Coronel” José Pereira Lima.
REFERENCIAS
HISTORIAGRAFICAS:
CENÁRIOS E FOTOGRAFIAS: Freitas Júnior - Historiador & Poeta:
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