Sunday, March 25, 2018

ARMY MEN XII: INVASÃO À VILA DE TEIXEIRA-PB, INICIO DO LEVANTE DE PRINCESA-PB -1930


Cenário Army Men: 1º de Março de 1930 - Homens do “coronel” José Pereira libertam a Família Dantas e põem as tropas da Polícia Militar do Estado da Paraíba para fugirem da cidade de Teixeira-PB. 


Como visto nas matérias anteriores, no dia 24 de fevereiro de 1930, o presidente João Pessoa, visando desestabilizar o poder de mando do “coronel” José Pereira, retira os funcionários do Estado, lotados em Princesa; quase todos os parentes do “coronel”, e exonera o prefeito José Frazão de Medeiros Lima, o vice-prefeito Glicério Florentino Diniz e o adjunto de promotor Manoel Medeiros Lima, indicados pelo oligarca princesense. O juiz Clímaco Xavier abandonou a cidade por falta de garantias. O jornal “A União” de 28 de fevereiro de 1930, trazia decretos de exoneração do subdelegado de Tavares, Belém, Alagoa Nova (Manaíra) e São José, distritos de Princesa na época. Com o rompimento oficial do “coronel” José Pereira em 22 de fevereiro de 1930 no município de Princesa, a justiça deixou de funcionar, as aulas foram interrompidas e foi suspensa a arrecadação de impostos..
Como resposta José Pereira declarou a independência provisória de Princesa do Estado da Paraíba. Neste mesmo dia 28 era publicado o Decreto nº 01 foi aclamado pela população, que declarou oficialmente a independência da cidade (República de Princesa), com hino, bandeira e leis próprias. Trocas de telegramas cada vez mais acintosos não deixaram margem a nenhuma dúvida, pois João Pessoa escudando-se na defesa da ordem em razão do pleito eleitoral a ser realizado em 28 de fevereiro de 1930 decidiu de forma intransigente enviar tropas para o sertão, sendo declarada neste dia a guerra de Princesa.
A chamada guerra de Princesa principiou por Teixeira, no dia do pleito para Presidência e vice-presidência da República, senado e deputação federal, a 1º de março de 30. João Pessoa mandou a polícia estadual ocupar o município de Teixeira, sob o comando dos capitães João da Costa e Irineu Rangel reduto dos Dantas, aliados de José Pereira, prendendo pessoas da família e impedindo que ocorresse votação naquela cidade. Houve reação armada dos Dantas.
O número total do contingente a disposição do presidente João Pessoa era 890 combatentes. A primeira investida foi sobre a vila do Teixeira, reduto da família Dantas, invadida pela tropa comandada pelo Tenente Ascendino Feitosa que aprisionou vários membros deste clã sertanejo. A família Dantas fora pega de surpresa. Logo estavam encarceradas pessoas de destaque na região.  A cadeia de Teixeira nunca havia recebido gente tão importante e bem situadas na hierarquia da sociedade sertaneja agropastoril.
O Tenente Ascendino Feitosa, comandante do pelotão militar, tinha queixas particulares contra a família Dantas. Em uma briga, Silveira Dantas havia levado vantagem sobre Ascendino Feitosa. Irado e desmoralizado, o militar havia jurado vingança, a qual estava para se concretizar com a decisão do Presidente João Pessoa em fazer valer sua autoridade como chefe do executivo paraibano. O comandante militar se dirigia aos presos ameaçando-os initerruptamente de sangrá-los. “Hoje bebo o sangue dos Dantas!”, bradava Ascendino Feitosa, futuramente o responsável pelas execuções de João Dantas e Augusto Caldas na Penitenciária do Recife, em razão do assassinato do Presidente João Pessoa. Dona Cota respondia em tom de deboche: “Bebe, desgraçado, só assim terás sangue bom nessas suas veias sujas!”.
O “coronel” José Pereira Lima não era homem de se intimidar com pouca coisa, não tardou muito para que ele soubesse dos acontecimentos com os importantes aliados na Vila do Teixeira. À disposição do “Coronel” foi formado verdadeiro exército composto de mais de 2.800 homens, armados e municiados principalmente com rifles winchester calibre 44. José Pereira tinha armas em quantidade, recebidas do próprio governo estadual, em gestões anteriores, para enfrentar o bando de Lampião e mais tarde a Coluna Prestes. Seu exército era composto por combatentes, onde diversos desses lutadores eram egressos do cangaço ou desertores da própria polícia paraibana. Financiados pelos Pessoa de Queiroz e apoiados pelo governo paulista de Júlio Prestes, os partidários do coronel José Pereira mobilizaram aproximadamente dois mil homens, dos quais oitocentos e cinqüenta na primeira linha, em armas. A essa última cifra subia o contingente da Polícia Militar do Estado. Com esse poderio bélico e seu prestígio político, começou a planejar o que ficou conhecido como “A Revolta de Princesa”.  A decisão de libertar os Dantas logo foi posta em prática. Encouraçados, vestindo gibões, com chapéus de couro quebrados na testa, perfazendo a mais pura essência da estética sertaneja, 500 homens foram despachados por Zé Pereira, comandados por Lindu e Luiz do Triângulo, para a Vila do Teixeira.
O destacamento policial de Princesa retirou-se para Piancó, enquanto, pelo outro lado, formação de polícia precipitava-se sobre Teixeira. Ambos os lados pretextavam garantir as eleições. O choque foi inevitável.
A Polícia Militar paraibana lutava com armas obsoletas, com munição vencida, impossível de ser usada de forma adequada. Para tentar contornar a situação dramática, o governo gaúcho montou esquema de contrabando em barris de sebo, tendo em vista que a alfândega, enquanto órgão federal, era controlada pelo perrepistas. Enquanto o grupo de José Pereira vinha aboiando e empunhando rifles winchester calibre 44, mandaram o recado para Ascendino Feitosa e sua tropa. Se não soltassem os Dantas imediatamente iriam morrer no cipó-de-boi, sem escapar um só. Aflita e completamente desnorteada, a tropa e seu comandante fugiram em direção ao Estado de Pernambuco. A família Dantas foi solta e colocada em local seguro.
Dessa forma se consumava o primeiro episódio da guerra de Princesa, cuja declaração efetivava-se em 28 de fevereiro de 1930, quando, a partir daí, intensificavam-se os combates cruentos entre as tropas militares do governo do Estado da Paraíba e o verdadeiro exército arregimentado pelo “Coronel” José Pereira Lima.

REFERENCIAS HISTORIAGRAFICAS:

CENÁRIOS E FOTOGRAFIAS: Freitas Júnior - Historiador & Poeta:
https://www.facebook.com/profile.php?id=100017290650832




Tuesday, March 20, 2018

PALESTRA DO PROF. JOSÉ ROMERO ARAÚJO CARDOSO EM 09/08/2014 NO MUSEU DO SERTÃO DA FAZENDA RANCHO VERDE

PALESTRA DO PROF. JOSÉ ROMERO ARAÚJO CARDOSO EM 09/08/2014 NO MUSEU DO SERTÃO DA FAZENDA RANCHO VERDE - ESTRADA DA ALAGOINHA - MOSSORÓ/RN

https://www.youtube.com/watch?v=iPBuweuxZms

Palestra do Prof. José Romero Araújo Cardoso em 09/08/2014 no Museu do Sertão da Fazenda Rancho Verde - Estrada da Alagoinha - Mossoró/RN, destinada a docentes e discentes do ensino fundamental de escolas públicas e privadas de Mossoró e região, sobre a importância e atualidade do pensamento do cientista nordestino Josué de Castro, ensejando Projeto de Extensão do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, tendo como coordenador o Prof. José Romero Araújo Cardoso e vice-coordenador o Prof. Benedito Vasconcelos Mendes

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

ARMY MEN XI: DESAVENÇAS ENTRE JOÃO PESSOA & O CORONEL JOSÉ PEREIRA

Cenário Army Men: dualismo de interesse entre os coronéis & João Pessoa. 
Ao assumir a presidência do Estado da Paraiba, o Presidente (governador) João Pessoa começou a implementar mudanças 'modernas' (...). A bandeira de seu governo era passar 'uma vassoura nova' para limpar o Estado. E com este pensamento, implementou uma política sistemática de desprestígio dos chefes políticos (ou coronéis) dos municípios, que eram, segundo o presidente de estado, os principais responsáveis pelos abusos e, consequentemente, pelo atraso do estado".

No dia 19 de fevereiro de 1930, o presidente do estado da Paraíba, João Pessoa, na tentativa de contornar uma crise política provocada pela divergência na composição da chapa para deputado federal, viaja à Princesa. A chapa para deputado federal fora publicada a 18 de fevereiro de 1930, no jornal "A União". O presidente é recebido com festa. Por falta de habilidade política, o presidente João Pessoa e o "coronel" José Pereira, chefe político princesense, não encontraram um denominador comum.
A gota d`água foi a escolha dos candidatos paraibanos à deputação federal. Como presidente do estado, João Pessoa dirigiu o conclave da comissão executiva do Partido Republicano da Paraíba que escolheu os nomes de tais pessoas. A ideia diretriz era a rotatividade. Quem já era deputado não entraria no rol de candidatos. Tal orientação objetivava afastar o Sr. João Suassuna, grande aliado de José Pereira que, como presidente do estado que antecedeu a João Pessoa, teria maltratado parentes de Epitácio na cidade natal de ambos, Umbuzeiro. No entanto, João Pessoa deixou na relação dos candidatos o nome de seu primo, Carlos Pessoa, que já era deputado. Isso valeu controvérsia na comissão executiva e apenas João Pessoa assinou o rol dos candidatos.
Com o apoio discreto, mas efetivo, do Presidente da República e dos governadores de Pernambuco, Estácio de Albuquerque Coimbra, e do Rio Grande do Norte, Juvenal Lamartine de Faria, o coronel José Pereira decidiu resistir a essas investidas contra seus poderes. Assim ele rompe com o presidente da Paraíba. E com o apoio dos Pessoa de Queirós ( os irmãos José e João Pessoa de Queirós), primos do presidente João Pessoa e donos de um grande empório industrial, jornalístico (Jornal do Commércio) e mercantil (João Pessoa de Queirós e Cia.), no Recife, rebelou-se contra o governo estadual. Com data de 22 de fevereiro de 1930, o "coronel" José Pereira rompe oficialmente com o governo do Estado, através do telegrama n.º 52:
"Dr. João Pessoa - Acabo de reunir amigos e correligionários aos quais informei do lançamento da chapa federal. Todos acordaram mesmo que V. Excia., escolhendo candidatos à revelia Comissão Executiva, caracteriza palpável desrespeito aos respectivos membros. A indisciplina partidária que ressumbra do ato de V. Excia, inspirador de desconfianças no seio do epitacismo, ameaça de esquecimento os mais relevantes serviços dos devotados à causa do partido. Semelhante conduta aberra dos princípios do partido, cuja orientação muito diferia da atual, adotada singularmente por V. Excia. Esse divórcio afasta os compromissos velhos baluartes da vitória de 1915 para com os princípios deste partido que V. Excia. Acaba de falsear. Por isso tudo delibero adotar a chapa nacional, concedendo liberdade a meus amigos para usarem direito voto consoante lhes ditar opinião, comprometendo-me ainda defendê-los se qualquer ato de violência do governo atentar contra direito assegurado Constituição. Saudações (a) José Pereira".
No dia 24 de fevereiro de 1930, o presidente João Pessoa, visando desestabilizar o poder de mando do "coronel", retira os funcionários do Estado, lotados em Princesa; quase todos os parentes do "coronel", e exonera o prefeito José Frazão de Medeiros Lima, o vice-prefeito Glicério Florentino Diniz e o adjunto de promotor Manoel Medeiros Lima, indicados pelo oligarca princesense. O juiz Clímaco Xavier abandonou a cidade por falta de garantias. O jornal "A União" de 28 de fevereiro de 1930, trazia decretos de exoneração do sub-delegado de Tavares, Belém, Alagoa Nova (Manaíra) e São José, distritos de Princesa na época.
A respeito da retirada dos funcionários estaduais de Princesa no dia 24 de fevereiro de 1930, o presidente do Estado da Paraíba, João Pessoa, enviou telegrama ao presidente da República, Sr. Washington Luiz, onde dizia:
"Assim procedi, primeiro porque a polícia não podia assistir inactiva a invasão da cidade por faccínoras armados..." (publicado no jornal "A União" de 7 de março de 1930).
No dia 27 de fevereiro de 1930, o "coronel" José Pereira dirigiu ao Sr. Odilon Nicolau a seguinte carta:
"Amigo Odilon Nicolau, o meu abraço. O governo tem feito grande pressão aos eleitores e sei agora que têm sido espancados vários correligionários da Causa Nacional. Como você já deve saber, rompi com o governo de João Pessoa e estou disposto a garantir os nossos amigos, para o que envio vários contingentes. O meu pessoal não tocará em ninguém, salve se for agredido. Havendo de provocar a intervenção, pois estou disposto a ocupar todos os municípios do Sul do Estado. O mesmo se fará no Norte com outra força comandada por pessoa em evidência no Estado. Penso ter direito e bem razão em lhe convidar para esta luta, porque as minhas relações com você e sua família, me animam a assim proceder. Não me engane porque a luta está amparada pelos próceres da política nacional. João Pessoa está ilegalmente no governo, logo depois da eleição, dado o movimento, o Governo Federal tomará conhecimento dos atos absurdos e inconstitucionais praticados por ele. Venha e não se receie. Do velho amigo, José Pereira Lima. Princesa, 27 de fevereiro de 1930".
Como resposta a esta “queda-de-braço”, João Pessoa mandou a polícia do Estado ocupar Texeira-PB., sob o comando dos capitães João da Costa e Irineu Rangel. O município de Teixeira, reduto dos Dantas, aliados de José Pereira, prendendo pessoas da família e impedindo que ocorresse votação naquela cidade. Determinou que acontecesse o mesmo em Princesa, mas lá, o coronel se armou, juntou um exército e reagiu. No mesmo dia parte das tropas do "coronel" José Pereira segue para Teixeira e trava o primeiro combate da chamada guerra de Princesa.

REFERENCIAS HISTORIAGRAFICAS:
 
CENÁRIOS E FOTOGRAFIAS: Freitas Júnior - Historiador & Poeta:
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ARMY MEN BRAZIL - MILITARY SCENE

US soldiers in Vietnam. Vietnam, March 31, 1970