Sunday, May 27, 2018

ARMY MEN XXIII: ECONOMIA DO FASCISMO

CENÁRIO ARMY MEN: Soldados Italianos em Roma

O melhor exemplo de economia fascista foi o regime do ditador italiano Benito
O Rei Vitor Emanuel III encarregou
Benito Mussolini de formar o novo governo
Mussolini. Acreditando que o liberalismo (ou seja, a liberdade e o livre mercado) tinha “esgotado sua função histórica”, Mussolini escreveu: “o mundo para o Fascismo não é esse mundo material, como aparenta superficialmente, onde o homem é um indivíduo separado dos outros, condenado à solidão... O Fascismo reafirma o Estado como a verdadeira realidade do indivíduo.” Esse coletivismo é compreendido na palavra fascismo, que deriva do latim fasces, nome dado a um feixe de varas ligadas em torno de um machado.
O Fascismo na Itália nasceu a partir de dois outros movimentos: o sindicalismo e o nacionalismo. Os sindicalistas acreditavam que a vida econômica deveria ser governada por grupos que representassem os trabalhadores das indústrias e manufaturas. Os nacionalistas, feridos pelo tratamento dispensado à Itália após a Primeira Guerra Mundial, combinavam a ideia da luta entre as classes com a ideia de uma luta entre as nações. Diziam que a Itália era uma nação proletária e que, para obter uma parte maior da riqueza mundial, todas as classes italianas deveriam se unir. Mussolini foi um sindicalista que se tornou nacionalista durante a Primeira Guerra Mundial.
De 1922 a 1925, o regime de Mussolini seguiu a política econômica do laissez-faire, sob o comando de um ministro de finanças liberal, Alberto De Stefani. O ministro reduziu impostos, regulações, restrições comerciais e permitiu que empresas competissem umas com as outras. Porém, essa oposição ao protecionismo e aos subsídios desagradava alguns líderes da indústria e De Stefani acabou tendo que pedir demissão. Quando Mussolini consolidou sua ditadura, em 1925, a Itália entrou em uma nova fase. Como vários outros líderes daquele tempo, Mussolini acreditava que a economia não funcionaria construtivamente sem a supervisão do governo. Como um prenúncio do que aconteceria na Alemanha Nazista e até, de certa forma, nos Estados Unidos após o New Deal, Mussolini iniciou um grande programa que incluía um imenso déficit do governo, obras públicas e, por fim, investimento militar.
O Fascismo de Mussolini avançou ainda mais com a criação do Estado Corporativo,
uma estrutura supostamente pragmática, sob a qual as decisões econômicas eram tomadas por conselhos compostos por trabalhadores e empregadores que representavam o comércio e as indústrias. A partir desse arranjo, a suposta rivalidade entre os empregados e os empregadores deveria ser extinta, evitando que a luta de classes prejudicasse a luta nacional. No Estado Corporativo, por exemplo, as greves seriam ilegais e ações trabalhistas deveriam ser mediadas por uma agência estatal.
Teoricamente, a economia fascista deveria ser orientada por uma complexa rede de empregadores, trabalhadores e organizações administradas conjuntamente, representando manufaturas e indústrias em nível local, provincial e nacional. No topo dessa rede estava o Conselho Nacional das Corporações. Embora o sindicalismo e o corporativismo tivessem lugar na ideologia fascista e fossem importantes na construção de um consenso em apoio ao regime, o conselho pouco atuou na condução da economia. As decisões reais eram tomadas por agências estatais, como o Instituto para a Reconstrução Industrial (Istituto per la Ricosstruzione Industriale, ou IRI), mediando os grupos de interesse.
A partir de 1929, em preparação para atingir as “glórias” da guerra, o governo italiano utilizou medidas protecionistas para direcionar a economia em direção à autarquia - ou à autosuficiência econômica. As políticas autárquicas foram intensificadas nos anos seguintes, por conta da depressão e das sanções econômicas impostas por outras nações sobre a Itália após a invasão da Etiópia. Em 1931, Mussolini decretou que órgãos governamentais deveriam comprar apenas produtos italianos e aumentou todas as tarifas sobre importações. As sanções que seguiram a invasão à Etiópia estimularam a Itália a novamente, em 1935, aumentar suas tarifas, enrijecer as quotas de importação e reforçar seu embargo sobre produtos industrializados.
Mussolini também eliminou a capacidade do mercado de tomar decisões independentes: o governo controlava todos os preços e salários, e firmas de qualquer indústria poderiam ser forçadas a fazer parte de um cartel, caso a maioria se posicionasse nesse sentido. Os líderes das grandes empresas tinham alguma participação na elaboração de políticas, enquanto os pequenos empreendedores eram, na verdade, transformados em empregados do estado, competindo com burocracias corruptas. Eles aceitavam sua submissão na esperança de que as restrições fossem temporárias. Vendo a terra como bem fundamental à nação, o Estado fascista dominou a agricultura de uma forma ainda mais completa, definindo safras, dividindo fazendas e fazendo das ameaças de expropriação um instrumento para reforçar suas ordens.
O sistema bancário também sofreu um controle extraordinário. Da mesma forma que as indústrias italianas, o sistema bancário também afundou sob o peso da depressão e da regulação e, enquanto o desemprego crescia, o governo criava programas de empregos públicos, assumindo o controle sobre decisões em relação à construção e expansão de fábricas. O governo criou o Istituto Mobiliare, em 1931, para controlar o crédito, e o IRI, mais tarde, adquiriu todas as ações que os bancos possuíam de empreendimentos na indústria, na agricultura e no setor imobiliário.
A imagem de um líder forte assumindo responsabilidade direta sobre a economia durante momentos de crise fascinou observadores estrangeiros. A Itália foi um dos lugares onde Franklin Roosevelt buscou idéias em 1933. Criada por Roosevelt, o National Recovery Act (NRA) tentou cartelizar a economia americana, da mesma forma que Mussolini cartelizara a italiana. Sob a NRA, Roosevelt estabeleceu conselhos para toda a indústria, com poder de determinar e aplicar preços, salários e outras formas de emprego, produção e distribuição para todas as companhias de determinada indústria. Por meio da Lei de Ajuste da Agricultura, o governo exerceu um controle similar sobre os agricultores. Curiosamente, Mussolini enxergava o New Deal de Roosevelt como “corajosamente... intervencionista no campo da economia.” O nazismo de Hitler também partilhava muitos traços com o fascismo italiano, inclusive na frente sindicalista. O nazismo também exercia um controle governamental completo sobre a indústria, a agricultura, financiamentos e investimentos.
Na medida em que a Segunda Guerra Mundial se aproximava, os sinais do fracasso do fascismo na Itália eram evidentes: o consumo privado per capita estava abaixo dos níveis de 1929 e a produção industrial italiana, entre 1929 e 1939, tinha crescido apenas 15% - menos que as taxas de crescimento dos outros países da Europa Ocidental. A produtividade do trabalho estava baixa e os preços de produção não eram competitivos. O erro econômico do fascismo residia na transferência do poder de decisão dos empreendedores para os burocratas do governo e na distribuição dos recursos, feita através de decretos, em detrimento do mercado. Mussolini desenvolveu seu sistema para abastecer as necessidades do Estado, não dos consumidores.

EXTRAÍDO DO TEXTO:

FOTO ARMY MEN: FREITAS JÚNIOR - HISTORIADOR E POETA

VISÃO GEOGRÁFICA DE HENRY KOSTER SOBRE MOSSORÓ EM 1810

ENGENHO DE AÇUCAR - HANRY KOSTER 1816


Por José Romero Araújo Cardoso

          Henry Koster era filho de um comerciante inglês radicado em Lisboa (PT), tendo nascido na capital lusitana. Devido à saúde frágil, estabeleceu-se no ano de 1809 em Pernambuco, onde se tornou senhor de engenho em Itamaracá. Falava fluentemente o português, motivo pelo qual ficou conhecido entre os nativos por Henrique da Costa. Faleceu por volta de 1820 em Recife (PE).
          Em 1810 empreendeu viagem a cavalo, saindo de Recife em direção ao Ceará. A sete de dezembro, às dez horas da manhã, chegou ao pequeno arraial de Santa Luzia, o qual não passou despercebido à apurada visão do viajante inglês.
          Em 1816 Koster publicou em Londres livro que compila as observações feitas
durante a fantástica viagem, com título de Travels in Brazil, em dois volumes. Em 1942 Câmara Cascudo traduziu, prefaciou e comentou a obra do viajante inglês, sendo publicada pela Editora Brasiliana, de São Paulo, dando-lhe o título de Viagens ao Nordeste do Brasil.
          Com relação a Mossoró, cujos registros Câmara Cascudo considerou o primeiro e melhor depoimento sociológico e etnográfico da região, Koster assinalou que na época constava duzentos ou trezentos habitantes, estando edificado em quadrângulo tendo uma igreja e pequenas casas baixas. O viajante inglês enfatizou ainda a dura labuta cotidiana dos sertanejos radicados no arraial de Santa Luzia do Mossoró, tendo que conviver com a ameaça de animais ferozes e com as secas.
          No arraial de Santa Luzia, Koster reencheu garrafas de bebidas e supriu-se de tijolos de rapaduras, demonstrando que o viajante inglês estava bem adaptado à cultura local. A rapadura, obtida com o beneficiamento da cana-de-açúcar em engenhos e moagens, tornou-se um dos símbolos do Nordeste Brasileiro.
          A igreja a qual Koster fez referência é a atual matriz de Santa Luzia, em cuja imediação é considerada por muitos como o marco zero do povoamento mossoroense.  Com relação ao citado templo católico, encontramos na Wikipédia que: A primeira edificação no local foi uma capela fundada oficialmente no dia 5 de agosto de 1772. Na ocasião, o sargento-mor da ribeira do Mossoró, Antônio de Souza Machado, e sua mulher, Rosa Fernandes, receberam autorização para construir uma capela na fazenda Santa Luzia, de sua propriedade. Em 13 de julho de 1801, Rosa Fernandes, já viúva, doou o patrimônio da Capela de Santa Luzia, onde já eram enterrados os mortos da cidade desde 1773. Em 1830  foi feita uma reforma na capela, que recebeu uma imagem de Santa Luzia de Mossoró, em madeira, esculpida em Portugal.
          Motivos históricos, como a fixação efetiva da população e a continuidade do povoamento, foram levados em conta para a fixação do marco zero ao lado da igreja matriz de Santa Luzia, pois há consenso entre àqueles que escreveram sobre Mossoró que a povoação tomou impulso histórico e geográfico a partir da construção do templo em devoção à santa italiana.
          Polêmicas, no entanto, são enfatizadas com relação ao início da colonização e do povoamento de Mossoró, pois há registros bem antes de 1772, com a presença dos Carmelitas no Rio do Carmo.
          Em Viagens ao Nordeste do Brasil, Koster não faz menção à existência da Missão Carmelita no rio do Carmo, talvez em razão de sua viagem não ter sido realizada contemplando efetivamente a área de fixação dos religiosos oriundos de Pernambuco, não obstante haver citação em Viagens ao Nordeste do Brasil que houve travessia do leito seco do Panema, em cujo curso encontrava-se a redução Carmelita de catequese.
          Em todo relato enfatizado por Koster, constata-se inexpressiva espacialização geográfica no arraial de Santa Luzi e em áreas adjacentes, pois avançando em direção ao Ceará, na localidade Tibau, destacou existir esparsas choupanas de pescadores e cinco ou seis casinhas de palha no povoado de Areias.
          A fim de dar sustentação à tese que defende o surgimento de Mossoró a partir da igreja de Santa Luzia, o escritor e historiador Geraldo Maia afirma que: O fato dos Carmelitas terem sido os primeiros habitantes da região não quer dizer que os mesmos foram os fundadores, nem tampouco que a mesma nasceu no Carmo. (...) Mossoró surgiu ao redor da Capela de Santa Luzia em 1772, erguida no pátio da fazenda do mesmo nome, nas margens do rio Mossoró, por isso ficou sendo arraial de Santa Luzia, sendo emancipada como Vila do Mossoró, em 15 de março de 1852 , através da lei número 246, e elevada ao predicamento de cidade em nove de novembro de 1870, através da Lei número 620 da mesma data, passando a ser Cidade de Mossoró como permanece até os dias atuais.
          O escritor e historiador Geraldo Maia defende que se os Carmelitas realmente tivessem tido a primazia de ter fomentado a efetiva colonização e povoamento de Mossoró, a Cidade teria tomado a denominação toponímica de Nossa Senhora do Carmo, Carmópolis ou denominações parecidas.
          Os escombros da antiga morada dos Carmelitas existem, visitei-os diversas vezes, motivado pelos relatos fabulosos de David Medeiros Leite, Gildosn Sousa Barreto e José Lima Dias Júnior em Os Carmelitas em Mossoró, opúsculo importantíssimo para a história local em razão que defende com plausíveis argumentos a instalação do verdadeiro marco zero do início da povoação na região do rio do Carmo.
          A presença Carmelita no Rio do Carmo é fato histórico inegável, datando do início do século XVIII, setenta anos antes da construção da igreja de Santa Luzia, motivo pelo qual não se pode desprezar a contribuição inequívoca que a ordem religiosa prestou para a História mossoroense, havendo necessidade de se repensar a importância de se colocar placa alusiva ao fato histórico referente ao início do povoamento também na área em que se fixou a missão religiosa na terra dos Monxorós, pois a existência de dois marcos zeros não é algo possível para a localização histórica referente ao início da colonização e povoamento de um lugar.

FONTES CONSULTADAS:

Catedral de Santa Luzia de Mossoró. Disponível em .< https://pt.wikipedia.org/wiki/Catedral_de_Santa_Luzia_de_Mossor%C3%B3>. Acesso em: 03 de junho de 2016.
DAVID MEDEIROS LEITE. Disponível em .< http://www2.uol.com.br/omossoroense/120504/entrevista.htm>. Acesso em: 09 de junho de 2016.
GASPAR, Lúcia. Henry Koster. Pesquisa Escolar Online. Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em .< http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar_en/index.php?option=com_content&id=1115>. Acesso em: 20 de julho de 2016.
LEITE, David Medeiros; BARRETO, Gildson Sousa; DIAS JÚNIOR, José Lima. Os Carmelitas em Mossoró. Mossoró: Fundação Vingt-un Rosado, 2002.
MAIA, Geraldo. Assim Nasceu Mossoró. Disponível em: .< http://blogdomendesemendes.blogspot.com.br/2011/11/assim-nasceu-mossoro.html >. Acesso em: 05 de junho de 2016.
_______________.  Henry Koster e Mossoró em 1810. Disponível em: .< http://www.caldeiraodochico.com.br/henry-koster-e-mossoro-em-1810/>. Acesso em: 08 de julho de 2016.
_______________. Seriam os Carmelitas os fundadores de Mossoró? Disponível em: .< http://www.blogdogemaia.com/geral.php?id=167>. Acesso em: 09 de julho de 2016.
KOSTER, Henry. Viagens ao Nordeste do Brasil. 12ª edição. Tradução, prefácio e comentários de Luís da Câmara Cascudo. Rio – São Paulo – Fortaleza: ABC Editora, 2003. V. 01.
___________. Viagens ao Nordeste do Brasil. 12ª edição. Tradução, prefácio e comentários de Luís da Câmara Cascudo. Rio – São Paulo – Fortaleza: ABC Editora, 2003. V. 02.
ROSADO, Vingt-un. Koster volta a Mossoró. Mossoró: Fundação Vingt-un Rosado, 1998 (Série C, Coleção Mossoroense, V. 990).
______________. Mossoró. Mossoró: Fundação Vingt-un Rosado, 2006 (Série C, Coleção Mossoroense, V. 1521).
                      

José Romero Araújo Cardoso. Geógrafo. Escritor. Professor-Adjunto do Departamento de Geografia (DGE) da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais (FAFIC) da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). Membro do ICOP (Instituto Cultural do Oeste Potiguar), SBEC (Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço) e da ASCRIM (Associação dos Escritores Mossoroenses). Diretor de Acervos da ASCRIM (Associação dos Escritores Mossoroenses) (Biênio 2017-2018).

ARMY MEN BRAZIL - MILITARY SCENE

US soldiers in Vietnam. Vietnam, March 31, 1970